ORIGEM DO MUNICÍPIO DE PINHAL DA SERRA
Todos os fatos que ocorreram ou ocorrem tem uma razão de ser. Interesses econômicos, políticos e administrativos
determinam mudanças de fronteiras e o surgimento de povoações, especialmente por ocasião de ocupação do
território brasileiro. (NEPOMUCENO, 2003, p. 24).
A ocupação do território que hoje constitui o município de Pinhal da Serra, se deu de forma lenta mas contínua. Primeiramente, é claro, tivemos a presença dos povos nativos da região, que foram seus primeiros e verdadeiros donos. Não só desta região, mas de todo território brasileiro. Aos poucos com a formação da Vacaria dos Pinhais, esta região – da qual Pinhal da Serra fazia parte - passou a ser visitada pelos caçadores preadores desse gado que se criava solto e em abundância por estas paragens. E com o passar do tempo, foram se erguendo ranchos ao longo dos caminhos das tropas que se destinavam a Lages e posteriormente Sorocaba em São Paulo. São esses elementos que vão favorecer a fixação do homem permitindo o início da ocupação territorial da região e em específico de Pinhal da Serra. Muito bem destacou Marines Jussara Goulart Martini “Esmeralda é uma das filhas de Vacaria, neta de Santo Antonio da Patrulha. Este ano – 1996 - deu um bisneto, o recente emancipado município de Pinhal da Serra”. (MARTINI, in. Raízes de Vacaria I, 1996, p.336).
E continua em seu depoimento:
“Inácio Antonio Velho casado com Maria Luíza Borges, foi capataz de Manuel Velho (e este veio a falecer).
A ocupação do território que hoje constitui o município de Pinhal da Serra, se deu de forma lenta mas contínua. Primeiramente, é claro, tivemos a presença dos povos nativos da região, que foram seus primeiros e verdadeiros donos. Não só desta região, mas de todo território brasileiro. Aos poucos com a formação da Vacaria dos Pinhais, esta região – da qual Pinhal da Serra fazia parte - passou a ser visitada pelos caçadores preadores desse gado que se criava solto e em abundância por estas paragens. E com o passar do tempo, foram se erguendo ranchos ao longo dos caminhos das tropas que se destinavam a Lages e posteriormente Sorocaba em São Paulo. São esses elementos que vão favorecer a fixação do homem permitindo o início da ocupação territorial da região e em específico de Pinhal da Serra. Muito bem destacou Marines Jussara Goulart Martini “Esmeralda é uma das filhas de Vacaria, neta de Santo Antonio da Patrulha. Este ano – 1996 - deu um bisneto, o recente emancipado município de Pinhal da Serra”. (MARTINI, in. Raízes de Vacaria I, 1996, p.336).
E continua em seu depoimento:
“Inácio Antonio Velho casado com Maria Luíza Borges, foi capataz de Manuel Velho (e este veio a falecer).
Como sabemos, muitas vezes, os capatazes ficavam donos das terras.
As terras que estavam aos cuidados de Inácio ficavam da Extrema ao Rio Pelotas
e até Rio Bernardo José”. (MARTINI, in. Raízes de Vacaria I, 1996, p.336).
Na sequência de sua pesquisa Martini afirma que:
Inacinho vendeu muitas de suas terras a troco de cargueiro – patacões de ouro e prata –
Na sequência de sua pesquisa Martini afirma que:
Inacinho vendeu muitas de suas terras a troco de cargueiro – patacões de ouro e prata –
para os Kramer e Brehm vindos de Bom Jesus. Inácio conviveu com
Josepha Barbosa Oliveira – morena – que morava no povoado, e a ela
doou a Fazenda do Pinhal da Serra. Inacinho também vendeu muitas de suas
terras em troca de facas prateadas, arreios, peitorais, rédeas com detalhes de prata e
um pala branco de seda pura, para muitos fazendeiros vindos de São Francisco de Paulo,
Santa Catarina e de outros rincões. (MARTINI, in. Raízes de Vacaria I, 1996, p.337).
Cópia fiel da ata de fundação do povoado de Pinhal da Serra e da Capela São José, extraída do livro da capela fl. 01 e o2 do referido livro.
No dia 12 de fevereiro de 1920 em casa do senhor Jerônimo Cardoso, depois de ter consultado os chefes das principais famílias do lugar e de comum acordo com eles foi nomeada uma comissão encarregada de promover a construção de uma Igreja em louvor de São José na entrada da serra do Pinhal. O lugar definitivo da igreja será escolhido na margem direita ou esquerda do arroio que divide o campo da serra, conforme a vontade dos membros da comissão e conforme também a vontade do senhor Inácio Antonio Velho, que espontaneamente oferece terreno necessário para a construção da dita Igreja de São José.
A Comissão foi constituída como segue:
Presidente de Honra: José Augusto Kuse
Presidente Efetivo: Jerônimo Cardoso
Tesoureiro e secretário: Alfredo Gomes
Conselheiros: Salustiano Antonio de Oliveira, Vicente Salami e Inácio Francisco dos Santos.
Vacaria, Pinhal, 12 de fevereiro de 1920.
O Vigário: Padre Pacífico de Bellevaux.
Como sabemos toda esta região, no entendimento dos colonizadores europeus, era uma terra de ninguém. Contudo, aos poucos foi sendo ocupada pelas extensas manadas de criações de gado, como já mencionamos, na denominada Vacaria dos Pinhais. Como a atividade de pecuária despertava muito interesse nos tropeiros de Laguna e de São Paulo, pois era um mercado promissor dessa matéria-prima, muitos estancieiros foram marcando presença, erguendo seus ranchos e tornaram-se posseiros de extensas propriedades de terras.
Nas áreas territoriais onde hoje estão os municípios de Esmeralda e Pinhal da Serra, pertenciam a um único dono, o senhor Inácio Antonio Velho.
Inácio Antonio Velho casado com Maria Luíza Borges, foi capataz
Cópia fiel da ata de fundação do povoado de Pinhal da Serra e da Capela São José, extraída do livro da capela fl. 01 e o2 do referido livro.
No dia 12 de fevereiro de 1920 em casa do senhor Jerônimo Cardoso, depois de ter consultado os chefes das principais famílias do lugar e de comum acordo com eles foi nomeada uma comissão encarregada de promover a construção de uma Igreja em louvor de São José na entrada da serra do Pinhal. O lugar definitivo da igreja será escolhido na margem direita ou esquerda do arroio que divide o campo da serra, conforme a vontade dos membros da comissão e conforme também a vontade do senhor Inácio Antonio Velho, que espontaneamente oferece terreno necessário para a construção da dita Igreja de São José.
A Comissão foi constituída como segue:
Presidente de Honra: José Augusto Kuse
Presidente Efetivo: Jerônimo Cardoso
Tesoureiro e secretário: Alfredo Gomes
Conselheiros: Salustiano Antonio de Oliveira, Vicente Salami e Inácio Francisco dos Santos.
Vacaria, Pinhal, 12 de fevereiro de 1920.
O Vigário: Padre Pacífico de Bellevaux.
Como sabemos toda esta região, no entendimento dos colonizadores europeus, era uma terra de ninguém. Contudo, aos poucos foi sendo ocupada pelas extensas manadas de criações de gado, como já mencionamos, na denominada Vacaria dos Pinhais. Como a atividade de pecuária despertava muito interesse nos tropeiros de Laguna e de São Paulo, pois era um mercado promissor dessa matéria-prima, muitos estancieiros foram marcando presença, erguendo seus ranchos e tornaram-se posseiros de extensas propriedades de terras.
Nas áreas territoriais onde hoje estão os municípios de Esmeralda e Pinhal da Serra, pertenciam a um único dono, o senhor Inácio Antonio Velho.
Inácio Antonio Velho casado com Maria Luíza Borges, foi capataz
de Manuel Velho (e este veio a falecer). Como sabemos, muitas vezes, os capatazes
ficavam donos das terras. As terras que estavam aos cuidados de Inácio ficavam da Extrema
ao Rio Pelotas e até o Rio Bernardo José. (MARTINI, 1996, p. 336).
Inacinho vendeu muitas de suas terras a troco de cargueiro – patacões de ouro e prata – para os Kramer e Brehm vindos de Bom Jesus. Inacinho conviveu com Josepha Barboza Oliveira – morena – que morava no povoado, e a ela doou a Fazenda do Pinhal da Serra.
Para responder a pergunta sobre a verdadeira Origem de Pinhal da Serra, buscamos apoio em algumas pessoas idosas que fossem nascidas no município e que presenciaram a ocupação do território desse município. E as respostas não variaram muito. Como as terras em que está inserido o território do município pertencia a um único dono, e este não tinha obviamente, condições de manter este vasto território ocupado, cedia para famílias morarem em determinado local e em muitas vezes em pontos estratégicos.
Conversei com quatro pessoas com idade entre sessenta e cinco e noventa anos de idade todos nascidos e residentes no município de Pinhal da Serra. Fiquei impressionado com a firmeza e a franqueza com que eles descreviam sobre os primeiros tempos dessa região. Uma coisa que ficou bem esclarecida foi a afirmação de que pela abundância de pinheiro araucária existentes nos campo de cima da serra, e consequentemente em nossa região, vieram para cá muitos donos de serrarias para explorar a extração dessa madeira. E o que é mais importante, de toda essa madeira extraída das extensas matas, não foi suficiente para desenvolver a região, que vai ficar apenas comentando sobre o desenvolvimento em outras regiões e sendo fornecedora de matéria-prima para outros municípios.
Vamos aos depoimentos:
Diz um senhor de oitenta e um anos: “Nasci e me criei aqui onde moro (Barra Grande). Quando meu pai veio pra cá, começou do nada. Não tinha casa, não tinha nada. Construiu uma casa de chão batido com madeira tirada do mato e preparada a mão. Aqui existia muito pinheiro. Falquejava a madeira com machadinha, machado, cuitelo e a coberta de tabuinhas também preparada tudo a mão. Naquele tempo as terras não tinham documento. Se comprava um pedaço de terra a troco de um animal encilhado, uma vaca, revólver... pois ninguém falava em dinheiro. O povo pobre não tinha dinheiro e era difícil possuir o dinheiro. Só quando vendia alguns sacos de milho, feijão, um porco. A maioria fazia para se sustentar. Sobrava muito pouco para vender e os compradores pagavam muito pouco por aquilo que a gente tinha. Muitas vezes as terras não tinham documentos e se você comprasse um pedaço de terra, tinha que construir casa em cima do terreno e começar a ocupar para garantir o teu direito de posse. Depois agente pagava um imposto pro governo dessa terra que também ajudava para garantir a posse dela. A divisa das terras era feito com marco de pedras de ponto em ponto. Era interessante que essas divisas não eram em linha reta. Como não tinha arame para cercar as propriedades como são hoje, a gente fechava a terra aonde a gente plantava, mas com muita dificuldade, porque também tinha que fechar de madeira rachada para cercar dos animais, que não era muito mas quando podia comprava um animal pois tinha muita serventia. Eu me lembro quando eu tinha uns dez anos, chegou aqui em casa uns agrimensor, entes do meio dia e perguntaram pra mim: menino, onde está teu pai? Eu respondi: está trabalhando na lavoura com minha mãe e meus irmãos. Eles me perguntaram quantos anos fazia que meu pai morava aqui? Eu falei: eu tenho dez anos e nasci aqui. Sempre moramos aqui. Era gente do governo que estavam passando nas propriedades, fazendo as medições das terras para documentar aqueles que comprovassem sua posse e ocupação do seu pedaço de terra. Eu me lembro que eles foram até onde o pai tava trabalhando e interrogaram ele, se realmente fazia tempo que ocupava essa terra e ele confirmou. Daí foram medir o terreno, mas mediram por onde o pai se dominava. Sem alinhar as divisas. Depois meu pai teve que ir em Lagoa Vermelha para requerer a documentação do terreno, passando daí a ter uma escritura da terra. Então a gente, se tinha alguma coisa para comprar um pedaço de terra, comprava, se não, tinha que viver pagando arrendo em terras alheias para sustentar a família”.
Um outro entrevistado com sessenta e oito anos, em seu depoimento declarou:
“Meu pai era capataz de um fazendeiro na região da Extrema. Trabalhou anos com esse fazendeiro. Quando saiu dessa fazenda ganhou de presente vinte hectares de terra na região onde hoje é o chamado Rincão dos Martins. Tinha um recibo feito em cartório, mas era um documento, assinado por esse fazendeiro. Mas ele também já possuía um pouco de dinheiro e comprou um pedaço de terra no Lagoão e passou a morar lá e não ocupou a terra que tinha ganhado desse homem. Passou muito tempo, e a terra não era fechada, outros se apossaram dessa terra e o pai perdeu o direito, pois fecharam esse pedaço de terra e passaram a usar. Depois nós se mudamos para cá, pro Pinhal e eu estou aqui até agora. Mas esta terra onde eu moro, meu pai adquiriu através de usucapião do governo. Não sei como ele comprou, só sei que não tinha documento. Depois a gente conseguiu documentar esse pedaço de terra”.
Um senhor de noventa anos, deu o seguinte depoimento:
“Comprei um pedaço de terra a troco de um animal encilhado. Não tinha documento essa terra. Fiquei com essa terra uns anos e vendi também sem documento. Naquele tempo era muito difícil. As pessoas compravam e vendiam essas terras a troco de gado, uma vaca de cria, um cavalo encilhado, um revólver, porco. Saia muito negócio desse jeito. E a gente não se preocupava com isso. O dinheiro era muito custoso. Só depois é que era obrigado a medir as terras e documentar, pagar imposto pro governo”.
Em entrevista com um professor aposentado em história, com sessenta e quatro anos, nascido em Pinhal da Serra deu o seguinte depoimento:
“Estas terras onde hoje está delimitado o território do município de Esmeralda e Pinhal da Serra pertenciam a um único dono, o qual se chamava Manuel Velho. Com o falecimento de Manuel velho, as terras passaram a seus capatazes Inácio Antonio Velho e Joaquim Antonio Velho. Essas terras começavam próximas a Extrema indo até o Rio Pelotas e ao Rio Bernardo José, divisa com Barracão e Lagoa Vermelha. Inácio Antonio Velho e Joaquim Antonio Velho receberam o sobrenome Velho em homenagem ao seu patrão Manuel Velho. Após a morte de Manuel Velho, Joaquim e Inácio dividiram entre si o grande território. Joaquim Antonio Velho, ficou com os territórios onde hoje pertencem a Extrema e Esmeralda e Inácio Antonio Velho ficou com o território que hoje é o município de Pinhal da Serra.
Esse território era praticamente coberto de pinheiro nativo (araucária), e como quase toda a área era serra, veio a origem do nome, Pinhal da Serra. Esse território equivalia aproximadamente duzentos milhões de terras pertencente a Inácio Antonio Velho.
Por volta de 1900, Inácio Antonio Velho, passou a administrar a fazenda do Pinhal. Inácio sendo uma pessoa de boa índole, ele também fazia suas doações a famílias de sua confiança. Essas famílias assumiam o compromisso de cultivar e desenvolver o território recebido. Surgindo aí a subdivisão da Fazenda do Pinhal em rincões e esses rincões passavam a produzir o mínimo necessário para a subsistência.
Inácio Antonio Velho passou a exercer a função de um grande líder e como era festeiro visitava todos os proprietários, fazendo festa por onde ele passava. Os posseiros eram de várias raças, principalmente brancos e negros. Nessa época existia grande rivalidade entre os brancos e os negros e Inácio mantinha bom relacionamento com os brancos e com os negros. Era bem aceito pelas duas raças. Nas festas que eles promoviam, ele tentava agradar ambas as partes. Quando a festa era dos negros ele estendia um pala branco de seda no chão e mandava que os negros dançassem em cima de seu pala, dizendo que era a mesma ciosa que pisotear todos os brancos. E quando a festa era dos brancos, ele estendia um pala preto e mandava que todos os brancos dançassem em cima, que era a mesma coisa que pisotear todos os negros. Nesses tempos, quando era feito uma festividade, negros e brancos não se misturavam.
Nas próprias doações de terras, ele tinha o cuidado de não misturar as famílias brancas com as famílias negras para evitas desentendimentos. As colocações dessas famílias deram origem ao nome de muitos rincões do nosso município, como por exemplo: Rincão dos Nunes, Rincão dos Lourenços, Rincão dos Martins, Rincão dos Subtil, Rincão dos Mendes, Rincão dos Milocas, Rincão dos Basilhos, Rincão dos Carneiros, Rincão dos Silveiras e Rincão dos Costas e outros. Temos aqui, localidades que recebem outras denominações com nomes de santos conforme era a devoção dos moradores ou outras denominações. Mas por ser muito mercante a presença dessas famílias nessas localidades, acabaram criando uma identidade própria.
Depois de organizado os rincões, surgia a necessidade de fundar uma sede para a Fazenda do Pinhal. Em um determinado dia, Inácio Antonio Velho e João Antonio da Costa, reuniram as famílias mais influentes e combinaram de fundar o primeiro povoado na Fazenda. E como eles eram devotos de São José, o povoado que iria ser fundado deveria ser chamado São José do Pinhal. Inácio Antonio Velho, ofereceu gratuitamente o terreno que fosse necessário para fundar o povoado. Os moradores de comum acordo resolveram que o povoado deveria ser fundado a margem direita do lajeado que dividia o campo da serra, e que esse território deveria ser de aproximadamente vinte alqueires, ou seja, cinquenta hectares. E que o povoado, teria que ser medido por um agrimensor e que as ruas teriam que ser todas retas, reservada a quadra central para a construção da Igreja. E isso foi feito. Também ficou acertado que esse território onde iria ser construído o povoado deveria ser escriturado. Inácio Antonio Velho, como pouco sabia ler e escrever, passou uma procuração para o Padre Pacífico de Bellevaux escriturar a Mitra Diocesana de Vacaria. A escritura foi feita em Porto Alegre por volta de 1920. a comissão responsável pelo movimento era a seguinte: Presidente de Honra: José Augusto Kuze; Presidente efetivo: Jerônimo Cardoso; Tesoureiro e secretário: Alfredo Gomes; Conselheiros; salustiano Antonio de Oliveira, Vicente Salami e Inácio Francisco dos Santos. Era 12 de fevereiro de 1920. O vigário era o Padre Pacífico. O carpinteiro que construiu a primeira capelinha era o senhor Palmírio Subtil e cobrou de mão de obra setecentos contos de reis. E gastaram em material aproximadamente oitocentos contos de reis. A capelinha ficou pronta em 1921.
Teve como primeira comissão da capela de São José, José Augusto Kuze, presidente de Honra; Jerônimo Cardoso, Presidente efetivo; Alfredo Gomes, Tesoureiro e secretário. Conselheiros, Salustiano Antonio de Oliveira, Vicente Salami e Inácio Francisco dos Santos.
Juntamente com os membros da comissão foram também os primeiros moradores: Jorge Pereira da Silva (subprefeito), Luís França de Oliveira (primeiro escrivão), Gregório Pereira de Matos, João Antunes Pires, Aristides José Domingues, Salvador Ribeiro de Jesus (Saru) e Diogo Prestes de Oliveira e outros.
O primeiro subdelegado da Fazenda do Pinhal foi João Antonio da Costa.
Ao receber a permissão do dono da terra, entenda aqui, do latifundiário, a família construía sua propriedade e em seguida demarcava suas divisas por onde deveria ser seu estabelecimento de mando. O que é interessante ressaltar aqui que as propriedades eram demarcadas com marcos feitos de pedras, pois a época não tinha o costume de fechar com arames por ser um produto muito caro e fora do orçamento dos proprietários e difícil aquisição. Quando possível essas divisas eram também feitas por sangas ou lajeados.
Como pouco circulava a moeda os negócios de terras eram feitos muitas vezes a troco de armas e animais, principalmente armas de fogo por motivos de constantes revoltas na época. As pessoas produziam para o consumo interno, pois praticamente não existia o comércio com outras localidades.
Os cercamentos mais comuns eram feitos de rachão, uma espécie de madeira lascada e em especial de pinheiro pela facilidade de ser trabalhada e existir em abundância na região, taipas de pedras rústicas e derrubadas de árvores umas sobre as outras. Cada proprietário fazia a sua divisa. Era costume cercar as lavouras e não as propriedades. Isto era feito em situações de extrema necessidade onde estava exposta a presença das poucas cabeças de gado bovinos que existiam na época. Os mais usados eram os animais de serviços (cavalar e muar).
Ao passar do tempo devido suas doações e seus gastos demasiados, o capital de Inácio Antonio Velho, diminuiu rapidamente, sendo que ele também não pagava seus impostos, muitas glebas de terras foram confiscadas pelo município de Vacaria em pagamento dos impostos atrasados. Consta a história que Inácio Antonio Velho terminou empobrecendo, e dizem os mais antigos que quando ele morreu não tinha dinheiro para pagar os seus funerais.
As terras dos posseiros da Fazenda do Pinhal era todas sem medição e escrituras. As áreas eram compradas ou vendidas calculadas e os documentos eram recibos de compra e venda. Os desentendimentos com as subdivisões eram bastante. E por isso era necessário que o território fosse oficialmente medido. Depois de muitas lutas, finalmente chegou a esperada medição. Era prefeito na época em Vacaria, o fazendeiro Dinarte Fernandes, o qual assinou a liberação da medição em 1962. Antes desse ano, já existia na Fazendo do Pinhal, terras escrituradas que não eram as chamadas terras do governo do Estado. As propriedades eram medidas por onde fossem a divisa, mesmo que não fossem linha reta. Após a medição o proprietário recebia do governo de Estado a escritura definitiva de suas terras. E assim terminou os desentendimentos agrários nas terras que antes eram de Inácio Antonio Velho, Fazenda do Pinhal. Quando Vacaria foi dividida em distrito, o Pinhal da Serra era o décimo distrito de Vacaria. Dividindo com o quinto distrito, pelo Lajeado do Tigre, passando próxima a Porteira do Pinhal, indo pela Estrada do João da Emília até o Canal, no Rio Bernardo José e daí dividindo com Lagoa Vermelha e Barracão”.
BIBLIOGRAFIA
NEPOMUCENO, Davino Valdir Rodrigues. História de Lagoa Vermelha até o inicio do 3º milênio. Porto Alegre: Edições Est, 2003.
Raízes de Vacaria I, VII Encontro dos Municípios Originários de Santo Antônio da Patrulha. Porto Alegre, EST, 1996.
Inacinho vendeu muitas de suas terras a troco de cargueiro – patacões de ouro e prata – para os Kramer e Brehm vindos de Bom Jesus. Inacinho conviveu com Josepha Barboza Oliveira – morena – que morava no povoado, e a ela doou a Fazenda do Pinhal da Serra.
Para responder a pergunta sobre a verdadeira Origem de Pinhal da Serra, buscamos apoio em algumas pessoas idosas que fossem nascidas no município e que presenciaram a ocupação do território desse município. E as respostas não variaram muito. Como as terras em que está inserido o território do município pertencia a um único dono, e este não tinha obviamente, condições de manter este vasto território ocupado, cedia para famílias morarem em determinado local e em muitas vezes em pontos estratégicos.
Conversei com quatro pessoas com idade entre sessenta e cinco e noventa anos de idade todos nascidos e residentes no município de Pinhal da Serra. Fiquei impressionado com a firmeza e a franqueza com que eles descreviam sobre os primeiros tempos dessa região. Uma coisa que ficou bem esclarecida foi a afirmação de que pela abundância de pinheiro araucária existentes nos campo de cima da serra, e consequentemente em nossa região, vieram para cá muitos donos de serrarias para explorar a extração dessa madeira. E o que é mais importante, de toda essa madeira extraída das extensas matas, não foi suficiente para desenvolver a região, que vai ficar apenas comentando sobre o desenvolvimento em outras regiões e sendo fornecedora de matéria-prima para outros municípios.
Vamos aos depoimentos:
Diz um senhor de oitenta e um anos: “Nasci e me criei aqui onde moro (Barra Grande). Quando meu pai veio pra cá, começou do nada. Não tinha casa, não tinha nada. Construiu uma casa de chão batido com madeira tirada do mato e preparada a mão. Aqui existia muito pinheiro. Falquejava a madeira com machadinha, machado, cuitelo e a coberta de tabuinhas também preparada tudo a mão. Naquele tempo as terras não tinham documento. Se comprava um pedaço de terra a troco de um animal encilhado, uma vaca, revólver... pois ninguém falava em dinheiro. O povo pobre não tinha dinheiro e era difícil possuir o dinheiro. Só quando vendia alguns sacos de milho, feijão, um porco. A maioria fazia para se sustentar. Sobrava muito pouco para vender e os compradores pagavam muito pouco por aquilo que a gente tinha. Muitas vezes as terras não tinham documentos e se você comprasse um pedaço de terra, tinha que construir casa em cima do terreno e começar a ocupar para garantir o teu direito de posse. Depois agente pagava um imposto pro governo dessa terra que também ajudava para garantir a posse dela. A divisa das terras era feito com marco de pedras de ponto em ponto. Era interessante que essas divisas não eram em linha reta. Como não tinha arame para cercar as propriedades como são hoje, a gente fechava a terra aonde a gente plantava, mas com muita dificuldade, porque também tinha que fechar de madeira rachada para cercar dos animais, que não era muito mas quando podia comprava um animal pois tinha muita serventia. Eu me lembro quando eu tinha uns dez anos, chegou aqui em casa uns agrimensor, entes do meio dia e perguntaram pra mim: menino, onde está teu pai? Eu respondi: está trabalhando na lavoura com minha mãe e meus irmãos. Eles me perguntaram quantos anos fazia que meu pai morava aqui? Eu falei: eu tenho dez anos e nasci aqui. Sempre moramos aqui. Era gente do governo que estavam passando nas propriedades, fazendo as medições das terras para documentar aqueles que comprovassem sua posse e ocupação do seu pedaço de terra. Eu me lembro que eles foram até onde o pai tava trabalhando e interrogaram ele, se realmente fazia tempo que ocupava essa terra e ele confirmou. Daí foram medir o terreno, mas mediram por onde o pai se dominava. Sem alinhar as divisas. Depois meu pai teve que ir em Lagoa Vermelha para requerer a documentação do terreno, passando daí a ter uma escritura da terra. Então a gente, se tinha alguma coisa para comprar um pedaço de terra, comprava, se não, tinha que viver pagando arrendo em terras alheias para sustentar a família”.
Um outro entrevistado com sessenta e oito anos, em seu depoimento declarou:
“Meu pai era capataz de um fazendeiro na região da Extrema. Trabalhou anos com esse fazendeiro. Quando saiu dessa fazenda ganhou de presente vinte hectares de terra na região onde hoje é o chamado Rincão dos Martins. Tinha um recibo feito em cartório, mas era um documento, assinado por esse fazendeiro. Mas ele também já possuía um pouco de dinheiro e comprou um pedaço de terra no Lagoão e passou a morar lá e não ocupou a terra que tinha ganhado desse homem. Passou muito tempo, e a terra não era fechada, outros se apossaram dessa terra e o pai perdeu o direito, pois fecharam esse pedaço de terra e passaram a usar. Depois nós se mudamos para cá, pro Pinhal e eu estou aqui até agora. Mas esta terra onde eu moro, meu pai adquiriu através de usucapião do governo. Não sei como ele comprou, só sei que não tinha documento. Depois a gente conseguiu documentar esse pedaço de terra”.
Um senhor de noventa anos, deu o seguinte depoimento:
“Comprei um pedaço de terra a troco de um animal encilhado. Não tinha documento essa terra. Fiquei com essa terra uns anos e vendi também sem documento. Naquele tempo era muito difícil. As pessoas compravam e vendiam essas terras a troco de gado, uma vaca de cria, um cavalo encilhado, um revólver, porco. Saia muito negócio desse jeito. E a gente não se preocupava com isso. O dinheiro era muito custoso. Só depois é que era obrigado a medir as terras e documentar, pagar imposto pro governo”.
Em entrevista com um professor aposentado em história, com sessenta e quatro anos, nascido em Pinhal da Serra deu o seguinte depoimento:
“Estas terras onde hoje está delimitado o território do município de Esmeralda e Pinhal da Serra pertenciam a um único dono, o qual se chamava Manuel Velho. Com o falecimento de Manuel velho, as terras passaram a seus capatazes Inácio Antonio Velho e Joaquim Antonio Velho. Essas terras começavam próximas a Extrema indo até o Rio Pelotas e ao Rio Bernardo José, divisa com Barracão e Lagoa Vermelha. Inácio Antonio Velho e Joaquim Antonio Velho receberam o sobrenome Velho em homenagem ao seu patrão Manuel Velho. Após a morte de Manuel Velho, Joaquim e Inácio dividiram entre si o grande território. Joaquim Antonio Velho, ficou com os territórios onde hoje pertencem a Extrema e Esmeralda e Inácio Antonio Velho ficou com o território que hoje é o município de Pinhal da Serra.
Esse território era praticamente coberto de pinheiro nativo (araucária), e como quase toda a área era serra, veio a origem do nome, Pinhal da Serra. Esse território equivalia aproximadamente duzentos milhões de terras pertencente a Inácio Antonio Velho.
Por volta de 1900, Inácio Antonio Velho, passou a administrar a fazenda do Pinhal. Inácio sendo uma pessoa de boa índole, ele também fazia suas doações a famílias de sua confiança. Essas famílias assumiam o compromisso de cultivar e desenvolver o território recebido. Surgindo aí a subdivisão da Fazenda do Pinhal em rincões e esses rincões passavam a produzir o mínimo necessário para a subsistência.
Inácio Antonio Velho passou a exercer a função de um grande líder e como era festeiro visitava todos os proprietários, fazendo festa por onde ele passava. Os posseiros eram de várias raças, principalmente brancos e negros. Nessa época existia grande rivalidade entre os brancos e os negros e Inácio mantinha bom relacionamento com os brancos e com os negros. Era bem aceito pelas duas raças. Nas festas que eles promoviam, ele tentava agradar ambas as partes. Quando a festa era dos negros ele estendia um pala branco de seda no chão e mandava que os negros dançassem em cima de seu pala, dizendo que era a mesma ciosa que pisotear todos os brancos. E quando a festa era dos brancos, ele estendia um pala preto e mandava que todos os brancos dançassem em cima, que era a mesma coisa que pisotear todos os negros. Nesses tempos, quando era feito uma festividade, negros e brancos não se misturavam.
Nas próprias doações de terras, ele tinha o cuidado de não misturar as famílias brancas com as famílias negras para evitas desentendimentos. As colocações dessas famílias deram origem ao nome de muitos rincões do nosso município, como por exemplo: Rincão dos Nunes, Rincão dos Lourenços, Rincão dos Martins, Rincão dos Subtil, Rincão dos Mendes, Rincão dos Milocas, Rincão dos Basilhos, Rincão dos Carneiros, Rincão dos Silveiras e Rincão dos Costas e outros. Temos aqui, localidades que recebem outras denominações com nomes de santos conforme era a devoção dos moradores ou outras denominações. Mas por ser muito mercante a presença dessas famílias nessas localidades, acabaram criando uma identidade própria.
Depois de organizado os rincões, surgia a necessidade de fundar uma sede para a Fazenda do Pinhal. Em um determinado dia, Inácio Antonio Velho e João Antonio da Costa, reuniram as famílias mais influentes e combinaram de fundar o primeiro povoado na Fazenda. E como eles eram devotos de São José, o povoado que iria ser fundado deveria ser chamado São José do Pinhal. Inácio Antonio Velho, ofereceu gratuitamente o terreno que fosse necessário para fundar o povoado. Os moradores de comum acordo resolveram que o povoado deveria ser fundado a margem direita do lajeado que dividia o campo da serra, e que esse território deveria ser de aproximadamente vinte alqueires, ou seja, cinquenta hectares. E que o povoado, teria que ser medido por um agrimensor e que as ruas teriam que ser todas retas, reservada a quadra central para a construção da Igreja. E isso foi feito. Também ficou acertado que esse território onde iria ser construído o povoado deveria ser escriturado. Inácio Antonio Velho, como pouco sabia ler e escrever, passou uma procuração para o Padre Pacífico de Bellevaux escriturar a Mitra Diocesana de Vacaria. A escritura foi feita em Porto Alegre por volta de 1920. a comissão responsável pelo movimento era a seguinte: Presidente de Honra: José Augusto Kuze; Presidente efetivo: Jerônimo Cardoso; Tesoureiro e secretário: Alfredo Gomes; Conselheiros; salustiano Antonio de Oliveira, Vicente Salami e Inácio Francisco dos Santos. Era 12 de fevereiro de 1920. O vigário era o Padre Pacífico. O carpinteiro que construiu a primeira capelinha era o senhor Palmírio Subtil e cobrou de mão de obra setecentos contos de reis. E gastaram em material aproximadamente oitocentos contos de reis. A capelinha ficou pronta em 1921.
Teve como primeira comissão da capela de São José, José Augusto Kuze, presidente de Honra; Jerônimo Cardoso, Presidente efetivo; Alfredo Gomes, Tesoureiro e secretário. Conselheiros, Salustiano Antonio de Oliveira, Vicente Salami e Inácio Francisco dos Santos.
Juntamente com os membros da comissão foram também os primeiros moradores: Jorge Pereira da Silva (subprefeito), Luís França de Oliveira (primeiro escrivão), Gregório Pereira de Matos, João Antunes Pires, Aristides José Domingues, Salvador Ribeiro de Jesus (Saru) e Diogo Prestes de Oliveira e outros.
O primeiro subdelegado da Fazenda do Pinhal foi João Antonio da Costa.
Ao receber a permissão do dono da terra, entenda aqui, do latifundiário, a família construía sua propriedade e em seguida demarcava suas divisas por onde deveria ser seu estabelecimento de mando. O que é interessante ressaltar aqui que as propriedades eram demarcadas com marcos feitos de pedras, pois a época não tinha o costume de fechar com arames por ser um produto muito caro e fora do orçamento dos proprietários e difícil aquisição. Quando possível essas divisas eram também feitas por sangas ou lajeados.
Como pouco circulava a moeda os negócios de terras eram feitos muitas vezes a troco de armas e animais, principalmente armas de fogo por motivos de constantes revoltas na época. As pessoas produziam para o consumo interno, pois praticamente não existia o comércio com outras localidades.
Os cercamentos mais comuns eram feitos de rachão, uma espécie de madeira lascada e em especial de pinheiro pela facilidade de ser trabalhada e existir em abundância na região, taipas de pedras rústicas e derrubadas de árvores umas sobre as outras. Cada proprietário fazia a sua divisa. Era costume cercar as lavouras e não as propriedades. Isto era feito em situações de extrema necessidade onde estava exposta a presença das poucas cabeças de gado bovinos que existiam na época. Os mais usados eram os animais de serviços (cavalar e muar).
Ao passar do tempo devido suas doações e seus gastos demasiados, o capital de Inácio Antonio Velho, diminuiu rapidamente, sendo que ele também não pagava seus impostos, muitas glebas de terras foram confiscadas pelo município de Vacaria em pagamento dos impostos atrasados. Consta a história que Inácio Antonio Velho terminou empobrecendo, e dizem os mais antigos que quando ele morreu não tinha dinheiro para pagar os seus funerais.
As terras dos posseiros da Fazenda do Pinhal era todas sem medição e escrituras. As áreas eram compradas ou vendidas calculadas e os documentos eram recibos de compra e venda. Os desentendimentos com as subdivisões eram bastante. E por isso era necessário que o território fosse oficialmente medido. Depois de muitas lutas, finalmente chegou a esperada medição. Era prefeito na época em Vacaria, o fazendeiro Dinarte Fernandes, o qual assinou a liberação da medição em 1962. Antes desse ano, já existia na Fazendo do Pinhal, terras escrituradas que não eram as chamadas terras do governo do Estado. As propriedades eram medidas por onde fossem a divisa, mesmo que não fossem linha reta. Após a medição o proprietário recebia do governo de Estado a escritura definitiva de suas terras. E assim terminou os desentendimentos agrários nas terras que antes eram de Inácio Antonio Velho, Fazenda do Pinhal. Quando Vacaria foi dividida em distrito, o Pinhal da Serra era o décimo distrito de Vacaria. Dividindo com o quinto distrito, pelo Lajeado do Tigre, passando próxima a Porteira do Pinhal, indo pela Estrada do João da Emília até o Canal, no Rio Bernardo José e daí dividindo com Lagoa Vermelha e Barracão”.
BIBLIOGRAFIA
NEPOMUCENO, Davino Valdir Rodrigues. História de Lagoa Vermelha até o inicio do 3º milênio. Porto Alegre: Edições Est, 2003.
Raízes de Vacaria I, VII Encontro dos Municípios Originários de Santo Antônio da Patrulha. Porto Alegre, EST, 1996.
Que riquea hem professor Ademar!
ResponderExcluirÉ muito bom que está história seja contado ao mundo.
Parabéns!